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ENCONTRANDO TALENTOS


Bom, como eu disse antes, e acredito que isso seja um ponto que vou reforçar em quase todos os posts, ser um cyberatleta não é só ‘jogar o joguinho’, demanda muito mais dedicação, motivação, e uma compreensão de que é um trabalho, um ofício, e isso demanda tempo e disciplina.
É muito comentado que hoje, dificilmente os times de eSport buscam jogadores novos no cenário, fica um vai-e-vem dos mesmos jogadores entre os times grandes, ou preferem trazer grandes nomes internacionais e jogar ele no meio do time sem sequer um paraquedas. Mas se esse é a realidade do cenário, como fazer para um amador entrar nele? Como ter visibilidade o suficiente para poder ser parte dos principais cenários de eSport no país?
Para os novos, hoje isso normalmente é feito da seguinte forma: os amadores montam um time entre eles, sem patrocínio, nem nada, e começam a jogar, a se destacar aos poucos, e quando começam a fazer um ou outro diferencial (normalmente jogadas bonitas) dentro de um campeonato pequeno, alguém vai lá e o chama. Porém novamente entramos aqui no conceito de ser jogado ‘sem sequer um paraquedas’ no meio dos times. Cada time tem uma personalidade, que algumas vezes também condiz com a modalidade do eSport que é praticado, e se esse novato tem uma personalidade diferente das outras do seu time, ou se o próprio time não tem um trabalho de integração e coesão, o cara pode até se tornar o melhor jogador brasileiro dentro da posição que ele joga, mas isso está longe de dizer que o time será bom. Quando a pessoa é estrangeira, isso pode ser pior ainda, pois existe mais um ponto a ser trabalhado: a comunicação. Que tem de ser eficiente e rápida dentro das partidas.
Por isso, uma das maneiras que acredito serem mais produtivas para que o time cresça como um todo, é fazer um processo seletivo completo, que avalie desde o perfil do jogador, analisando se ele é de fato alguém que busca ser um atleta de alto rendimento, se o perfil dele encaixa com o que o time busca, se não há nenhuma incompatibilidade com o resto do time, e por último se ele também tem uma boa habilidade. Por incrível que pareça, este último não é o mais importante, já que habilidade a gente pode treinar para melhorar. Um processo seletivo desses, não precisa pegar necessariamente jogadores de outros times já conhecidos, na verdade ele se encaixa melhor para pessoas que querem recém entrar no cenário competitivo, pois assim podem conhecer o seu time já a partir do que é trabalhado dentro dele.
Encontrar talentos não é fácil, demanda um trabalho extenso e pesado, porém é uma das ações mais satisfatórias em se trabalhar com psicologia na área do eSport.


 Abraços campeões!





Comentários

  1. Ótimo texto Rafael! Assim como voce, estudo psicologia e tenho buscado um espaço ai pra pesquisar na área, produzir conhecimento sobre o assunto! Busco pessoas que compartilham do meu interesse pra criar uma rede de contatos ai que se ajudem!

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