Um comentário que ouvimos muito em análises feitas sobre jogadores, principalmente quando um time perde, é que o jogador estava ansioso, e isso fez com que ele perdesse controle sobre seu game e que seu desempenho diminuísse.
Ao receber isso, a primeira coisa que nos vem à mente é: "Nossa, ansiedade é algo horrível. Jogadores profissionais não podem ter ansiedade". Mas será que ela é tão ruim mesmo? Por mais que falar de ansiedade seja tão comum, é importante entendermos o que estamos chamando de ansiedade, quais são os sintomas e o que tem provocado essa reação.
Ansiedade é vista como vilã, mas pode ser uma aliada dentro do jogo (Foto: Divulgação) |
Ansiedade é uma sensação causada por uma excitação exagerada do nosso sistema nervoso central, normalmente ativada por um senso de perigo, ou seja, nosso cérebro percebe uma situação, julga que essa situação é perigosa e manda uma mensagem para o resto do corpo como se dissesse: "Salve-se quem puder". Nisso, o coração começa a acelerar, a pressão arterial e a frequência respiratória aumentam, os músculos tensionam e nós ficamos com aquela sensação de que precisamos fazer algo urgente.
Se olharmos só por essa via, vendo as reações do corpo, a ansiedade por si só, pode realmente parecer como algo negativo, mas, por outro lado, durante um jogo importante, o atleta não pode ficar lá todo mole, sem vontade, parado. Ele tem de estar pronto para reagir a todas as ações que vão ocorrer no jogo! Tem de estar ligado! E o nosso corpo ligado quer dizer: coração com batimento mais acelerado, pressão arterial mais alta e músculos mais tensionados, que são os efeitos que a ansiedade também provoca.
A ansiedade é um fator importante para o atleta, pois ajuda com que ele esteja mais ativo, melhor preparado para reagir positivamente em seu desempenho.
Porém, todos nós temos um limite dessa ativação. Se a ansiedade estiver muito alta, nosso corpo ultrapassa o limite e, então, podemos ter aqueles "brancos" dentro do jogo, perceber que se passou um segundo e não sabíamos o que fazer ou ainda pensarmos no que fazer, mas o corpo não responder, o clique no mouse não sair.
Ao mesmo tempo, se a ansiedade estiver muito baixa, não temos ativação nenhuma, ficamos moles e lerdos, sem conseguir acompanhar o ritmo frenético do jogo.
O real trabalho do psicólogo com o atleta é, portanto, ensiná-lo a controlar isso, a manter o nível de ansiedade num patamar saudável, para que ele esteja alerta, mas sem ultrapassar limites. O mais comum é encontrar jogadores com ansiedade alta demais. Isso acontece por vários motivos, desde pressão do público e da família a expectativa muito grande em cima de si próprio. Costumamos ensinar uma técnica de respiração que ajuda o corpo a relaxar nesses momentos.
Segue aí para vocês testarem também!
Sente de forma confortável e comece inspirando, enquanto conta lentamente até três. Dê uma pequena pausa de meio segundo e passe a soltar o ar, contando lentamente até seis. Faça outra pequena pausa de meio segundo e recomece. Faça essa técnica de quatro a seis minutos.
O segredo é que, enquanto você inspira em três segundos, leva o dobro do tempo para soltar o ar, dando pequenas pausas entre as respirações. Isso ajuda a diminuir a ansiedade, porque diminui também o batimento cardíaco. Se tiver uma leve tontura, não se preocupe, é normal. É só prestar atenção se está fazendo as pausas entre as respirações. Quanto mais se pratica essa respiração, por pelo menos uns 5 minutos diários, mais ela vai fazendo efeito!
Aprenda a se conhecer melhor e saber quais seus limites. Com isso, vai poder se ajudar a melhorar a cada dia.
Original da coluna no MyCNB: http://mycnb.uol.com.br/colunas/3416-coluna-do-rafael-pereira-2-ansiedade-e-vila-ou-aliada-nos-jogos
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